O “Projeto Pesca Responsável na Baía de Tijucas” se constituiu em um conjunto de atividades que visaram o conhecimento da pesca artesanal na região da Baía de Tijucas, com o objetivo de definir uma estratégia para a gestão participativa dos recursos pesqueiros locais. Esta estratégia, definida através de um Plano de Ação o qual considerou os preceitos do Código de Conduta para uma Pesca Responsável (FAO, 1995), foi fruto do envolvimento das comunidades estabelecidas às margens da Baía de Tijucas e levou em conta as necessidades das pessoas que dependem diretamente da pesca artesanal e da conservação dos recursos pesqueiros. 

   O projeto foi financiando pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e executado  pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) através do Convênio FNMA 025/2003. A execução do projeto se desenvolveu através de parcerias com as Colônias de Pescadores de Governador Celso Ramos (Z-09), Bombinhas (Z-22) e Tijucas (Z-25), além da ONG APRENDER-Entidade Ecológica, da Associação dos Pescadores Artesanais de Tijucas (APAT) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis / Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (IBAMA/REBIO ARVOREDO). 

   Além das parcerias, o projeto contou com o apoio e o conhecimento tradicional  dos pescadores das localidades de Canto Grande, Morrinhos e Zimbros, no município de Bombinhas, de Santa Luzia, no município de Porto Belo, da Barra do Rio, no município de Tijucas, do Canto dos Ganchos, de Calheiros, de Ganchos do Meio e de Ganchos de Fora, no município de Governador Celso Ramos.

   Durante o período de março de 2004 a dezembro de 2006 foi possível reunir uma quantidade significativa de informações sobre as pescarias e sobre as pessoas que dependem cultural e economicamente da pesca. As atividades previstas nas metas contaram com 16 pesquisadores e 6 bolsistas e a execução com uma equipe de 8 pessoas, sendo dois técnicos de campo, graduados em Oceanografia, os quais faziam visitas as comunidades sistematicamente.  Grande parte das informações foi obtida através do monitoramento participativo, onde pessoas com afinidade na atividade pesqueira e interesse em contribuir para melhorar a realidade da pesca local, foram selecionadas para atuar como coletores de dados nas comunidades abrangidas pelo projeto. A implementação efetiva do programa de monitoramento participativo consistiu na coleta diária de informações da produção pesqueira e esforço de pesca, sendo supervisionada pelos técnicos de campo e possibilitando conhecer a composição e sazonalidade das capturas desembarcadas na Baía de Tijucas.

   Além do monitoramento diário,  uma das etapas do projeto objetivou caracterizar os pescadores artesanais através de informações estruturais e sócio-econômicas das comunidades, o que possibilitou traçar o perfil geral destes trabalhadores. Para tanto, uma equipe técnica realizou entrevistas estruturadas com 151 pescadores ativos. Associado a esta atividade, também foi realizado o cadastramento das embarcações e seus respectivos petrechos de pesca utilizados. O cadastramento da frota envolveu a participação de informantes locais e da equipe técnica, através de registros simplificados das embarcações em atividade e de questionários mais detalhados, totalizando 439 embarcações. Tais informações atreladas à coleta de dados pesqueiros  permitiram  o conhecimento dos processos e determinantes econômicos existentes entre as comunidades pesqueiras do entorno da Baía de Tijucas.

   Outra atividade contemplada pelo projeto foi a análise do impacto causado pelo arrasto de camarão, a principal atividade pesqueira praticada na região. Esta arte de pesca apresenta baixa seletividade, possuindo como característica marcante a captura de grandes quantidades de invertebrados e peixes, muitas vezes rejeitados e descartados pelo seu pequeno tamanho ou por não haver mercado para a sua comercialização. O diagnóstico resultante do projeto revelou que o camarão sete-barbas, devido a sua abundância, desempenha um importante papel sócio-econômico para as comunidades do entorno da baía de Tijucas, as quais retiram o sustento de seus familiares utilizando embarcações de pequeno porte e atuando em regiões mais próximas da costa.

   Concomitantemente com as coletas de dados, diversas reuniões comunitárias e oficinas participativas foram realizadas ao longo do projeto (nº=45), objetivando promover uma maior participação popular, especialmente dos usuários dos recursos pesqueiros, a fim de fomentar programas de gestão participativa da pesca, através do  resgate do conhecimento ecológico tradicional dos pescadores. Dentre essas práticas, em especial as oficinas de diagnóstico participativo, demonstraram ser um importante instrumento de mobilização social para se buscar melhorias para a atividade pesqueira local.

   Todas as informações  levantadas pelo Projeto “Pesca Responsável na Baía de Tijucas” poderão ser utilizadas pelas próprias comunidades, instituições locais e/ou governamentais para que o manejo pesqueiro da região seja bem sucedido.